domingo, 8 de fevereiro de 2009

PROCURO RESPOSTAS

Acordei, olhei para cima da secretária, papéis, livros, entre eles a “crítica da Razão Pura”, de Kant, a “História do Ateísmo” de Georges Minois, “O Deus que não temos – Uma história de grandes intuições e Mal-entendidos”, de Sebastião J. Formosinho e J. Oliveira Branco, a “História da Filosofia – da renascença à pós-modernidade”, de Gilbert Hottois, a “História do pensamento ocidental – a aventura dos pré-socráticos a Wittgenstein” de Bertrand Russel e no canto superior “Minutos de sabedoria”. Livros e mais livros, cadernos e sobretudo vontade de ler e escrever. Como começar? Não sei, coragem e vamos a isso, marcar presença enquanto os outros estão a dormir ou a pensar no como fazer ou se vão fazer.
Fico sentado, continuo a pensar, mas penso que é preciso dizer algo, escrever é uma forma e lembro-me do desafio do grupo de filosofia, acerca “da utilidade ou inutilidade da filosofia”, isto faz-me pensar, coloque-me eu do lado que me possa colocar, a dizer ou não dizer que a filosofia não presta para nada, certamente ao fazer essa afirmação, a filosofia serve mais do que se podia pensar. Se disser mal, tudo o que possa dizer tem em si grande peso, pelo menos executa o raciocínio e querer viver sem a filosofia é eu já estar lançado na filosofia… e as descobertas, esta procura constante, esta ânsia por saber, o mar de curiosidades que palpitam no meu peito… o humano na relação de uns com os outros certamente que se interroga e o papel da interrogação mexe, faz pensar e pelo pensar surgem respostas, renovam-se outras, são estas as respostas que servem para resolver situações, como tal fazer, o saber que, o estabelecer o contacto, aquela vertente analítica, poderei dizer mesmo epistemológica, para não estar a falar da fenomenologia. Estamos e estamos todos, crescemos, fomos educados e sabemos pelo menos alguma coisa, como me disse ontem o zezinho, “eu já sei ir a pé para a escola, aprendi o que são as medidas de capacidade”! E tu o que aprendeste ontem? O caminho para a escola ou as medidas de capacidade? E do que és capaz tu afinal? Deixemo-nos de pragmatismos… os caminhos do pensamento vão cheios da cultura dos lugares da passagem, onde bebeste do social, ante a pluralidade de concepções do bem e do mal. Fica sempre algo de reserva e não seria “zaratustra” que vinha resolver toda a situação, demolindo todos os valores até à plena derrocada, está sempre em actividade a proclamação do ideal por um amor ao saber, esse desejo constante de possuir respostas.
Será que não tens dúvidas? Todo o conhecimento está lançado na descoberta… mas afinal, o que é que todo o homem aspira? Ser feliz? O que é isso? Como se é feliz? Saber quem é Deus? Como pode saber o que é Deus se não tenho representação mental desse conceito? Complicado! Andamos aqui a repetir para fazer número e para agradar uns aos outros? Criamos as situações e depois reclamamos!!
Procuro respostas! Por cada dia que avança surgem cada vez mais questões e procuro respostas, mas, parece que não as encontro, ou se aparece algo, isso mesmo que aparece deixa-me de todo em todo inquieto. Não sei para onde vou nem se tenho de ir para algum lado, fico por aqui, entre papéis, tomos de filosofia tentando entender aquilo que nem sei se é possível imiscuir-me na sua essência. Reflectir, tomar-me na tentativa de tal... avanço rumo às origens, vascular os volumes antigos, as essências filosóficas daqueles que um dia se lançaram no reino do saber. Esta inquietação é de cada vez aguçada. Parece que tudo pára e o que acontece dentro de mim não o sei dizer e se o tento fazer perco um pedaço disso que está, logo não quero perder, deixo ficar e passo mais uma página. Não procuro mil definições de filosofia, se as tivesse, para nada serviam, ela é para mim aquilo tal qual já me envolveu, ou por ela me deixei envolver. Este amor, mas também não tentes perceber o tipo de amor.
Procuro respostas… na sala de aula, na escola, em casa, no café… nos locais por onde passo, procuro respostas para entender a essência do humano, mas antes de mais, primeiro de tudo é “conhece-te a ti próprio”, um apelo socrático.
Que se sabe acerca do real? E do irreal? Será que vivemos rodeados de vazio? Somos ainda as águas primordiais e informes? Caminhamos no abismo dos preconceitos? Não queremos colocar as questões porque temos medo daquilo que os outros possam pensar de nós?
Filosofamos! E agora? Que vamos fazer quando a luz da razão diz que não devemos entregar “os objectivos individuais” e nos obrigam a tal? Afinal quem vai ganhar? É a ditadura ou a razão? Será que o pensamento não serve para nada? Onde reside o acordo? Ou ficamos num jogo de forças? Onde está a filosofia? Sabes porque é que o humano não se entende? Falta o diálogo, faltar o escutar. No meio disto tudo, vejo que alguém não quer entender e marra para ali! É necessário acordar, agitar as consciências… não será este o papel da filosofia? Sim, mostrar que as coisas não estão bem? Não mintas à tua consciência, procura por ti e encontra a correspondência na realidade. Se isto acontecer a resposta pode começar aqui… procuro respostas.

08.02.2009
Jorge Ferro Rosa

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