quinta-feira, 25 de junho de 2009

ALTAMENTE MESMO


Jantar da turma 11AS no restaurante O Poço, em Castro Marim dia 25 de Junho de 2009Fotos de ontem, momentos inesquecíveis... mas afinal quem são eles? e os outros? yaaaaaa estão por ai!
Jantar de turma do 11º AS alunos e professores
Bemmmmmmmmmmmmm altamenteeeeeeeeeeeeeeeee, mesmo granda festa, a maior e das melhores. Luís tu és um espectáculo, sempre na maior alegria, boa disposição sem parar. Altas fotosssssssssssss uauuuuuuuuuuuuu. O pessoal todo estava muito bem, toda a gente a divertir. Professores e alunos.

Abraços e beijinhos, com muita amizade tudo coolll - boas férias e já sabem, este espaço vai ser aquele que nos liga, por isso faz favor de ir dando novidades - toca a deixar msn de toda a malta. eh eh eh

quarta-feira, 17 de junho de 2009

PELAS ROTAS DE THOMAS KUHN

Apontamento

A perspectiva moderadamente optimista de Popper sobre a objectividade da Ciência e a racionalidade dos cientistas na escolha de teorias rivais foi posta em causa por Thomas Kuhn. O seu trabalho e as dúvidas que levantou acerca destes temas tiveram um grande impacto não só no modo como se encararam as Ciências da Natureza, mas também as Ciências Humanas.

Para muitos, a perspectiva de Kuhn revelou duras verdades sobre a suposta racionalidade de todo o nosso conhecimento empírico, mostrando que não podemos falar ingenuamente em progresso científico. Já outros resistem, defendendo a ideia de que a Ciência avança de facto em direcção à verdade e de que não se limita a alternar teorias cujo valor de conhecimento é semelhante.

A perspectiva de Kuhn baseia-se naquilo que denomina “revoluções científicas” e que teriam ocorrido, por exemplo, com o surgimento, na Astronomia, do sistema heliocêntrico de Copérnico ou, na Biologia, da Teoria da Evolução do Darwin. Estas revoluções representariam alterações radicais dos modos de pensar e trabalhar dos praticantes das respectivas áreas e, naturalmente, só teriam ocorrido em épocas temporalmente distanciadas.

Tarefas:

1 - Sintetize a teoria de Thomas Kuhn acerca da evolução da ciência.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

FICHA DE TRABALHO

(possíveis respostas - grupos II e III)
Para cada um dos itens SELECCIONE a resposta correcta.

1. Ao recorrer à dúvida metódica. Descartes pretende:

(A) Rejeitar definitivamente tudo o que não seja indubitável.
(B) Encontrar um fundamento seguro para o conhecimento.
(C) Mostrar que os sentidos por vezes nos enganam.
(D) Provar que não podemos estar certos de nada.

2. No método hipotético-dedutivo, a hipótese desempenha um papel muito importante porque:

(A) Sem hipótese não haveria observação.
(B) O senso comum é hipotético.
(C) A hipótese é o fundamento de toda a investigação científica.
(D) A dedução das leis tem como base a experimentação.

3. O conhecimento científico difere do conhecimento vulgar:

(A). Apenas porque é sistemático.
(B). Porque é assistemático.
(C). Porque visa explicar os factos, mas não sistematicamente.
(D). Porque visa explicar sistematicamente os factos.

4. Segundo Popper, uma teoria é falsificada se…

(A). Ainda não tiver sido empiricamente testada.
(B). For possível conceber um teste empírico que a refute.
(C). Não for científica.
(D). Tiver sido falsificada.

5. Das seguintes afirmações, apenas uma reflecte a perspectiva de karl Popper:

(A). Se a experiência comprova a consequência, então a hipótese é válida.
(B). Se a experiência não comprova a consequência, então a hipótese é válida.
(C). Se a experiência comprova a consequência, então a hipótese não é válida.
(D). Se a experiência não comprova a consequência, então a hipótese não é válida.

GRUPO II (1X35+1X35+1X20+1X30=120 pontos)

1. Tenha em conta o excerto que se segue e responda ao que lhe é solicitado:

"Entendo por método regras certas e fáceis, que permitem a quem exactamente as observar nunca tomar por verdadeiro algo de falso e, sem desperdiçar inutilmente nenhum esforço da mente, mas aumentando sempre gradualmente o saber, atingir o conhecimento verdadeiro de tudo o que será capaz de saber".

Descartes, Regras para a Direcção do Espírito, Edições 70, Lisboa, p. 24

1.1. Refira, em que medida o método cartesiano exige o exercício da dúvida.
R: A primeira das quatro regras do Método de Descartes exige claramente o exercício da dúvida, pois nessa regra indica-se que nada se deve aceitar por verdadeiro, se não for conhecido evidentemente como tal. Para isso, é necessário evitar a precipitação e os preconceitos, e ter o cuidado de não subscrever juízos que não sejam claros, distintos e indubitáveis.

2. Tenha em conta o excerto que se segue e responda ao que lhe é solicitado:

“- Que não poderíamos duvidar sem existir, e que isso é o primeiro conhecimento certo que se pode adquirir. Enquanto rejeitamos deste modo que é falso, supomos facilmente que não há Deus, nem céu, nem terra, e que não temos corpo; mas não poderíamos igualmente supor que não existimos, enquanto duvidamos da verdade de todas estas coisas: porque temos tanta repugnância em conceber que aquele que pensa não existe verdadeiramente ao mesmo tempo que pensa que, não obstante todas as mais extravagantes suposições, não poderíamos impedir-nos de crer que esta conclusão PENSO, LOGO EXISTO é verdadeira e, por conseguinte, a primeira e a mais certa que se apresenta àquele que conduz os seus pensamentos por ordem.”
Descartes, Princípios da Filosofia, Porto, Areal Editores, 2005, p. 59

2.1. Clarifique o problema que está em causa no excerto apresentado.
R: Descartes está imerso num oceano de dúvidas, os sentidos enganam-no, a razão engana-o e para complicar tudo pode suceder que um génio maligno não faça senão enganá-lo.
Tendo em conta o texto de Descartes, sendo um acto livre da vontade, a dúvida acabará por nos conduzir a uma verdade incontestável, a afirmação da sua existência, enquanto é um ser que pensa e que duvida. A única certeza que tem é que duvida. Ainda que o génio maligno o engane, é ainda necessário assim que eu exista para ser enganado. Daqui decorre a natureza absolutamente verdadeira da afirmação como mostra o texto “penso, logo existo”, o cogito. Trata-se de uma afirmação evidente e indubitável, de uma certeza inabalável, obtida por intuição, e que servirá de paradigma para as várias afirmações verdadeiras. Como se verifica pelo texto, o problema em causa radica-se na questão da existência, enquanto ser que pensa, ser cuja actividade é pensar, independentemente de ter ou não alguma certeza, o pensamento aqui refere-se à actividade consciente, o que é equivalente à alma, o puro acto de pensar. O cogito é uma intuição racional, uma evidência, algo que não é possível duvidar dele, logo é resistente à dúvida. A sua existência como ser pensante é garantida apenas através do próprio pensamento, conduzindo ao respectivo argumento ontológico, a existência do ser enquanto entidade pensante, esta é a primeira certeza, verdade inabalável, a pedra de toque para a construção de toda a sua filosofia.

3. Tenha em conta o excerto que se segue e responda ao que lhe é solicitado:

"Todas as percepções do espírito humano reduzem-se a duas espécies distintas que denominarei impressões e ideias. A diferença entre estas reside nos graus de força e vivacidade com que elas afectam a mente e abrem caminho para o nosso pensamento ou consciência.”
Hume, David, Tratado da Natureza Humana, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, p. 29

3.1. Caracterize as duas espécies de percepções a que alude o texto.
R: As duas espécies de percepções – impressões e ideias – caracterizam-se do seguinte modo: as impressões são as percepções que apresentam maior grau de força e vivacidade, abrangendo as sensações, as emoções e as paixões. As ideias ou pensamentos são as representações das impressões, ou seja, são as imagens enfraquecidas das impressões, nunca alcançando vivacidade e força iguais às destas.

4. Tenha em conta o excerto que se segue e responda ao que lhe é solicitado:

“Nos primeiros estádios de desenvolvimento de uma ideia, comportamo-nos mais como artistas, impulsionados pelo temperamento e pelo gosto pessoal. Por outras palavras, começa-se com um palpite, uma impressão, um desejo até, de que o mundo seja de uma determinada maneira. Partimos então desse pressentimento, permanecendo-lhe fiéis mesmo que os dados observacionais apontem há muito no sentido de estarmos a entrar num beco sem saída, arrastando connosco aqueles que acreditam em nós. Mas o que acaba por nos salvar é que a experiência é o juiz derradeiro, o que resolve todos os desentendimentos. Por mais bem fundamentado que o nosso palpite seja, por melhor que o formulemos, chegará a altura de o pormos à prova contra a dura realidade dos factos. Caso contrário, por mais apegados que estejamos às nossas convicções, elas disso não passarão.”

MAGUEIRO, João, Mais Rápido que a Luz, Gradiva, Lisboa, 2003, pp.22-233

4.1. O papel da Hipótese no processo do conhecimento científico é um momento crucial. Clarifique a questão epistemológica presente no texto.
R: A questão epistemológica presente no texto conduz-nos para o papel da hipótese. Uma hipótese é uma antecipação de factos posteriormente comprováveis, ou seja, é uma suposição que se expressa num enunciado antecipado sobre a natureza das relações entre dois ou mais fenómenos. Trata-se com efeito, de uma explicação provisória de um dado fenómeno que exige comprovação. A hipótese condensa todo o método científico, na medida em que existe em função dos factos observados e acaba por ser a conclusão, no caso de a sua verificação a tornar efectiva. Ainda que o seu carácter provisório lhe retire algum valor, ela é de extraordinária importância ao guiar o cientista na elaboração do plano experimental e pôr em prática para a validar. Se se verificar a sua falsidade, ela continua a ser indicação preciosa, pois sabendo com certeza onde não reside a explicação, o cientista fica com o campo das novas hipóteses mais delimitado. Segundo o texto, a formulação de hipóteses é uma actividade criativa do cientista, associada à intuição e à imaginação. Neste sentido, a hipótese não surge indutivamente da observação, antes resulta de um raciocínio criativo.
A hipótese é o momento criativo e inovador da pesquisa, o momento em que o cientista inventa uma suposta solução, isto é, em que constrói um cenário que desencadeará o processo de conformação ou refutação. A criação de uma hipótese é uma tentativa de explicação e, como tal, tem um carácter provisório, exigindo ser verificável e controlável pela experimentação.

GRUPO III (1X35+1X20=55 pontos)


1. Tenha em conta o seguinte texto:

"Nunca podemos ter a certeza absoluta de que a nossa teoria não esteja perdida. A única coisa que podemos fazer é procurar o conteúdo de falsidade da nossa melhor teoria, o que realizamos tentando refutá-la, isto é, tentando contrastá-la de um modo vigoroso à luz de todos os nossos conhecimentos objectivos e de toda a nossa inteligência. Há sempre, naturalmente, a possibilidade de que a teoria seja falsa ainda que saia airosamente de todos esses contrastes. Se sai airosa de todos estes contrastes, podemos ter boas razões para supor que a nossa teoria, que, como sabemos, possui um conteúdo de verdade superior ao da sua predecessora, possa não possuir um conteúdo de falsidade maior.
Porém, se não conseguirmos refutar as novas teorias, especialmente nos domínios em que a sua antecessora tenha sido refutada, então podemos considerar isto como uma das razões objectivas a favor da hipótese de que a nova teoria constitua uma aproximação da verdade maior do que a anterior.
(...)
Em conclusão: nunca podemos justificar racionalmente uma teoria, isto é, a pretensão de que conhecemos a sua verdade, mas, se tivermos sorte, podemos justificar racionalmente a preferência provisória por uma teoria sobre todo um conjunto de teorias rivais.
(...) Ainda que não possamos justificar a pretensão de que uma teoria seja verdadeira, podemos justificar que tudo parece indicar que a teoria constitui uma aproximação da verdade maior do que qualquer das teorias rivais propostas até ao momento."
Popper, Conhecimento Objectivo, Technos, Madrid: 83/84

1.1. Considerando este Texto, o ponto de vista de Popper sobre a experimentação é um ponto de vista verificacionista ou falsificacionista? Fundamente a sua posição.
R: Falsificacionista. Para Popper, o critério para distinguir o científico do não científico não passa pela confirmação mas pela falsificação, significa que a experiência é usada, agora, com o propósito de testar a resistência da hipótese à sua falsificação. Poper entende o teste experimental como a procura de fenómenos que possam infirmar a hipótese. Assim, a teoria científica é válida enquanto for resistindo à tentativa de a falsificar empiricamente e é tanto mais forte quanto mais resistir. Se o critério da falsificação é mais legítimo do que o da confirmação, então muitos enunciados que se dizem científicos, podem não passar de pseudo-ciência.

2. Indique o significado dos seguintes conceitos, clarificando todas as afirmações que fizer:

(A) – Falsificabilidade
R: A falsificabilidade é o processo, defendido por Karl Popper, de submeter as hipóteses científicas a testes para as refutar (às mais duras tentativas de refutação). O falsificacionismo ou refutacionismo é uma posição encabeçada de Karl Popper, que, ao analisar logicamente o raciocónio tradicional dos verificacionistas, conclui que a ciência incorria na falácia da afirmação do consequente. De facto, as experiências que confirmam as consequências particulares deduzidas da hipótese não autorizam logicamente a conclusão de que as hipóteses são válidas. A verdade do que é particular implica a verdade do que é universal. Logo, nunca se pode comprovar que as hipóteses são verdadeiras. Popper considera que as experiências devem ser feitas, antes, com o objectivo de invalidar as hipóteses, a única coisa que se pode fazer com segurança. De facto, a falsidade da consequência particular implica a falsidade da consequência da hipótese geral. Na perspectiva de Popper, em laboratório, só se pode obter a certeza de hipóteses falsas e não de verdadeiras. Quando as experiências comprovam a hipótese, esta não é uma verdade segura, sendo simplesmente uma conjectura mais ou menos provável que deve continuar a ser submetida a provas de falseamento. As conjecturas manter-se-ao em vigor, enquanto não forem destituídas pela ocorrência de factos particulares que as contradigam.
O falsificacionismo proporciona uma maneira de distinguir as hipóteses científicas úteis das hipóteses irrelevantes para a ciência. Quanto mais falsificável for um enunciado, mais útil é à ciência. Se um enunciado for falso ajudará ao progresso da ciência; se for falsificável, contribuirá para encorajar o progresso o desenvolvimento de uma hipótese que não possa ser assim tão facilmente refutada; se mostrar ser difícil de falsificar, fornecerá uma teoria convincente e quaisquer novas teorias serão ainda melhores. A ciência progride através dos erros. Os cientistas experimentam uma hipótese, verificam se podem falsificá-la e se o conseguirem, substituem-na por outra melhor, que é então sujeita ao mesmo tratamento.

(B) – Testabilidade
R: Testabilidade é a possibilidade de pôr à prova um enunciado, portanto de conformá-lo ou de desmenti-lo. A testabilidade compreende qualquer possibilidade de confirmação, verificação, averiguação e aferição, na medida em que cada uma dessas possibilidades pode redundar na prova ou na falta de prova em questão.
(C) - Ciência como conjectura
R: Conjectura – é a designação dada por Karl Popper a qualquer teoria científica, considerando-a como um conjunto de hipóteses que devem ser submetidas a falsificações sucessivas (isto é, a tentativas de refutação) devendo, se resistirem a essas tentativas, ser consideradas provisoriamente como aceites pela comunidade científica, mas nunca como verdades absolutas. Popper propõe que em vez de teoria se fale em conjecturação e, em vez de verificação, se fale de falsificabilidade.
(D) – Corroboração
R: Corroboração é a aceitação das teorias científicas pela comunidade científica, em virtude da sua resistência científica, em virtude da sua resistência às tentativas de Falsificabilidade. As teorias científicas não devem ser consideradas verdadeiras, mas sim, corroboradas e aceites provisoriamente, por terem resistido à refutação. A partir dos resultados de novas investigações, qualquer teoria pode vir a ser declarada errada, apesar de corroborada.
A clarificar o conceito, como não podemos fazer verificações completas, as teorias nunca podem ser confirmadas em definitivo. Podem é ser “corroboradas”. Para ser corroborada, uma teoria terá de ter resistido às tentativas mais sérias e severas de falsificabilidade e, nessa qualidade de teoria corroborada, será aceite provisoriamente pela comunidade científica, como já frisei anteriormente, que deverá continuar a submetê-la permanentemente à prova.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

CIÊNCIA E CONSTRUÇÃO

Apontamento:

“As teorias nunca são verificáveis empiricamente. (…) é a falsificabilidade e não a verificabilidade de um sistema, que é preciso tomar como critério de demarcação” – Popper, in A Lógica da pesquisa científica

O que faz da Ciência uma forma específica e diferente de outras formas de conhecer é a utilização de um método preciso e rigoroso.
Ciência e método cientifico são duas realidades interdependentes, pois é o método que:
Dá credibilidade aos resultados da investigação
É o critério que permite distinguir os conhecimentos verdadeiramente científicos dos que o não são;
É responsável pela eficácia da investigação.

Método científico é o conjunto de procedimentos e técnicas que se utilizam nas diversas ciências para descobrir, investigar e alcançar os seus objectivos. Abrange os procedimentos ordenados e sistematizados que as diversas ciências seguem para estabelecer leis e teorias científicas.

Método indutivo – é o conjunto de procedimentos que, partindo dos factos, formulam hipóteses a partir de dados de observações.
A indução infere do particular para o geral.

O modelo indutivo do método científico parte de dados de observação, analisa os dados para estabelecer relações entre eles e submete-os a verificação experimental. Uma vez confirmados, transforma-se em leis aplicáveis a todos os fenómenos do mesmo tipo.
O método indutivo, também designado por método experimental, é comumente associado às ciências naturais (designadas ciências exactas ou experimentais que durante o século XIX e princípio do século XX, eram consideradas o padrão de cientificidade, constituindo-se como modelos a seguir por todas as ciências.

Passos fundamentais do método indutivo:

1 – Observação cientifica – Imparcial, rigorosa e neutra (o investigador não pode deixar-se influenciar pelas suas crenças); Metódica e sistematicamente preparada (não ocasional nem fortuita); Utiliza instrumentos e uma sofisticada aparelhagem técnica para prolongar e precisar o alcance dos nossos sentidos; Os dados são medidos, quantificados e registados com a máxima precisão e rigor.

2 – Formulação de uma hipótese – Propor uma explicação ou solução provisória para o problema que se está a investigar. Supõe: análise e interpretação dos factos observados; Sentido criativo do investigador, para descobrir uma relação entre os dados de observação e a causa que os provocou.

3 – Experimentação – Verificação da hipótese, para a confirmar ou rejeitar; Implica a utilização de instrumentos e técnicas; A conformação da hipótese transforma a hipótese em lei científica.

4 – Generalização – A lei que explica os dados observados passa a ser considerada uma lei universal, aplicável a todos os fenómenos do mesmo tipo, mesmo os ainda não observados; Com base nesta lei podemos prever o que irá acontecer no futuro.



O método hipotético – dedutivo

Defendido por Galileu, Descartes e outros criadores da ciência moderna, o método hipotético-dedutivo sustenta que as hipóteses são criações do espírito humano, propostas livremente como conjecturas para melhor relacionar e explicar os fenómenos da natureza.

Lei científica – é um enunciado universal, postulado a partir do processo de experimentação, que sintetiza numa fórmula um padrão contaste de funcionamento da Natureza.

Teorias Científicas – são modelos teóricos descritivos e interpretativos que combinam e interligam conjuntos de leis e hipóteses explicativas coerentes, permitindo deduzir novas leis ou formular hipóteses com vista à explicação de novos factos.

MOMENTOS FUNDAMENTAIS DO MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO

1 – Formulação de uma hipótese – Invenção de uma solução ou construção de um cenário (o momento criativo e inovador da pesquisa) que deve ser verificável 8isto é, deve poder ser confirmado ou rejeitado por experimentação). A hipótese deve ser compatível com os dados que se querem explicar; ser coerente com outras hipóteses anteriormente admitidas; ser susceptível de verificação; servir para prever e explicar os acontecimentos com ela relacionados.

2 – Dedução de consequências preditivas da hipótese – Inferir consequências é deduzir da explicação proposta que é geral, consequências menos gerais. Exemplo: dois corpos com massas diferentes lançados da mesma altura chegam ao solo ao mesmo tempo.
Dedução de consequências da hipótese: então, uma bola de chumbo e uma folha de papel lançadas em simultâneo de uma janela terão de chegar ao solo ao mesmo tempo.

3 – Submissão das consequências da hipótese e as provas experimentais – confronto das consequências deduzidas da hipótese com a experimentação para confirmar ou refutar a hipótese. Implica: definir e precisar as condições do uso de grandezas; criar e ou aperfeiçoar instrumentos de investigação.
Consequência derivada da hipótese a demonstrar: uma bola de chumbo e uma folha de papel lançadas em simultâneo de uma janela terão de chegar ao solo ao mesmo tempo. Os dados de observação contrariam esta consequência.
Formulação de uma nova hipótese: o ar oferece maior resistência à folha de papel do que à bola de chumbo, por isso, no vácuo, a bola de chumbo e a folha de papel chegam ao solo ao mesmo tempo.
Experimentação: fazer cair estes objectos no vácuo e registar os resultados.

4 – Conclusão – Se a experimentação confirma a hipótese, esta passa a lei explicativa dos fenómenos. Se a experimentação refuta a hipótese, segue-se a formulação de uma nova hipótese.

QUESTÕES E PROBLEMAS DA CIÊNCIA

Apontamento:

A ciência é factual e as teorias científicas são apoiadas por factos. Por vezes, nos documentários científicos que retratam os biólogos em acção, vemos os cientistas a observarem cuidadosamente a natureza. Os bons documentários não mentem.
O conhecimento científico começa com a observação sistemática e cuidadosa dos factos. As técnicas de observação utilizadas pelos cientistas garantem a fiabilidade dos dados empíricos. Os dados obtidos são analisados, quantificados, comparados e classificados. Por fim, a partir do conjunto dos dados particulares disponíveis, os cientistas extraem conclusões gerais. As conclusões gerais assim obtidas também são analisadas, comparadas e classificadas, e permitem obter conclusões ainda mais gerais. Deste modo, raciocinando por indução a partir dos dados factuais, os cientistas formulam as leis e as teorias que constituem o conhecimento científico.
Ao tentar explicar e prever aquilo que acontece no mundo, os cientistas concebem hipóteses, isto é, proposições e teorias que deseja que sejam verdadeiras.
Para avaliar uma hipótese cientificamente, é preciso recorrer à observação ou experiência.
E aparentemente uma hipótese pode ser validada ou invalidada pela experiência, isto é confirmada ou refutada pela observação.

Várias questões assaltam-nos:
- O que distingue as teorias científicas das que não são cientificas?
- O que caracteriza o método cientifico?
- A observação pode confirmar as teorias?

Critério da verificabilidade:

O critério da verificabilidade foi proposto pelos filósofos do positivismo lógico, um movimento filosófico radicalmente empirista que exerceu uma grande influência na filosofia da ciência durante grande parte da primeira metade do século XX. Embora os positivistas estivessem interessados sobretudo em encontrar um critério de significado, mais precisamente uma maneira de distinguir as frases declarativas com sentido das frases declarativas absurdas.

Uma teoria empiricamente verificável é aquela cujo valor de verdade pode ser estabelecido através da observação.

Afirmações verificáveis:

- Certas algas são verdes
- Júpiter tem satélites
- Há algas noutros planetas

A primeira afirmação pode ser verificada através da observação quotidiana. A segunda foi verificada pela primeira vez por Galileu através das suas observações com o telescópio. O valor de verdade da terceira frase ainda não foi estabelecido pela observação, mas esta não deixa de ser verificável. Se um dia uma sonda revelar a existência de algas noutros planetas, teremos estabelecido o valor de verdade desta frase através da observação. Para uma frase ser verificável, não é necessário que possamos realizar na prática as observações relevantes para descobrir o seu valor de verdade, basta que, em princípio, o seu valor de verdade possa ser determinado através da observação.

Ora, não é possível estabelecer a verdade das leis da natureza através da observação – não é possível verificá-las empiricamente.
O critério positivista implica que as leis da natureza não são científicas.


O critério de falsificabilidade

O filósofo da ciência Karl Popper foi um dos críticos do positivismo lógico. Popper nunca esteve interessado em encontrar um critério de significado, mas esforçou-se por resolver o problema da demarcação, isto é, por encontrar um critério de cientificidade satisfatório.
Popper diz que, uma teoria é científica somente se for empiricamente falsificável.
Aquilo que distingue as teorias das ciências empíricas das restantes teorias não é a possibilidade de as verificarmos ou comprovarmos através da observação, o que importa, pelo contrário, é a possibilidade de as falsificarmos.

Falsificar empiricamente uma teoria é mostrar que ela é falsa recorrendo a dados obtidos através da observação.

O critério de Popper pode parecer estranho, já que aquilo que nos interessa é ter teorias verdadeiras.

Afirmações falsificáveis:

- Amanhã vai chover ( esta afirmação será refutada caso não chova no dia indicado)
- O lince Ibérico já não existe em Portugal (esta afirmação será falsificada caso se observe um lince – ou vestígios da sua presença – em território português.
- Todo o cobre dilata quando é aquecido (A lei da dilatação do cobre é incompatível com a observação de pedaços de cobre que não dilatem quando são aquecidos – por isso seria refutada pela observação de um pedaço de cobre com essa característica.

Não é possível verificar as leis da natureza ou as afirmações universais em geral – mas é possível refutá-las.
A observação de muitos corvos negros não prova que é verdade que todos os corvos são negros; no entanto, a observação de um único corvo de outra cor seria suficiente para provar que é falso que todos os corvos sejam negros.

Afirmações que não são falsificáveis:

- Amanhã vai chover ou não vai chover ( simples verdade lógica e por isso não pode ser refutada pela observação)
- O lince ibérico foi criado pelos deuses da floresta – não é possível provar a sua falsidade através de dados empíricos
- Há pedaços de cobre que nunca dilatam

- Uma teoria falsificável é aquela que pode ser refutada, se for falsa.
- Segundo Popper, quanto maior é o grau de falsificabilidade de uma teoria mais conteúdo empírico ela tem.

Falsificabilidade – é o processo de confrontar uma teoria com dados de observação na tentativa de provar a sua falsidade.


Nota:
Concebe-se a indução como um método que conduz, através de regras mecanicamente aplicáveis, de factos observados a princípios gerais correspondentes.

Popper sugere que a indução não é necessária para conceber teorias científicas, pois estas são fruto da criatividade intelectual. Por outro lado, a indução não é necessária para avaliar teorias científicas. A avaliação de teorias científicas consiste em tentativas de refutação e, para tentar refutar uma teoria basta recorrer ao raciocínio dedutivo, já que é por dedução que se fazem as previsões empíricas a conformar com a observação.

- Uma teoria corroborada é aquela que, até ao momento, resistiu às tentativas mais sérias e severas de falsificabilidade, isto é de refutação.

Segundo Popper, os cientistas avançam conjecturas ousadas como respostas a problemas, testam-nas, submetendo-as a testes severos, e abandonam-nas, se elas não resistem aos testes.

Popper afirma que as teorias científicas são falsificáveis e que, quando uma teoria é falsificada através de um teste empírico, ela é posta em causa e tem de ser abandonada. Mas uma teoria não pode ser conclusivamente falsificada por uma observação ou por uma experiência, porque um insucesso empírico pode sempre ser atribuído ao teste, ou a um dos enunciados acessórios da teoria, e não aos seus enunciados centrais.

A ciência é uma conjectura – isto é, o conjunto de tentativas de explicação do mundo – porque nunca é possível comprovar uma teoria a partir da observação de todos os casos.

Uma teoria corroborada – isto é, a que resistiu a todas as tentativas para a sua falsificação – é aceite provisoriamente pela comunidade científica, que deverá continuar a submetê-la permanentemente à prova.

Popper propõe:

- Uma nova concepção de ciência – Ciência como conjectura, ou seja, uma sequência de tentativas para solucionar determinados problemas, procurando e provocando os desmentidos da experiência e fazendo da falsificabilidade o critério de demarcação entre Ciência e pseudociência.
- Uma nova atitude do cientista – Valorização do diálogo e da discussão (intersubjectividade). Procurar refutar as teorias, isto é, eliminar o erro como via de clarificação de novos conhecimentos;
- Um novo critério de demarcação entre Ciência e pseudo-ciência – A falsificabilidade em vez de verificação.

FICHA DE TRABALHO

GRUPO I
(com respostas possíveis)
1 – O que é uma afirmação verificável? Explique e dê exemplos.
R: Uma afirmação verificável é aquela cujo valor de verdade pode, em princípio, ser determinado conclusivamente pela observação.

2 – O que é uma afirmação falsificável? Explique e dê exemplos.
R: Uma afirmação falsificável é aquela que pode ser refutada pela observação.

3 – Porque razão Karl Popper propôs a falsificabilidade como critério de cientificidade?
R: Popper propôs a falsificabilidade como critério de demarcação porque este critério não exclui as afirmações que captam leis da natureza, dado que uma afirmação estritamente universável é falsificável.

4 – Considere as seguintes afirmações e indique as que são falsificáveis e as que são verificáveis, justificando a sua escolha.

a) Todos os cisnes são brancos
R: Falsificável mas não verificável
b) Nem todos os cisnes são brancos
R: Verificável mas não falsificável
c) Existem gatos voadores.
R: Verificável mas não falsificável
d) Não existem gatos voadores.
R: Falsificável mas não verificável
e) Esta rosa é vermelha.
R: Verificável e falsificável.
f) Esta rosa não é vermelha.
R: Verificável e falsificável.
g) Na próxima década vai ocorrer um terramoto em Lisboa.
R: Verificável e falsificável
h) Na próxima década pode ocorrer um terramoto em Lisboa.
R: Falsificável mas não verificável
i) Nada se move a uma velocidade superior à da luz.
R: Falsificável mas não verificável
j) 5+7= 12.
R: Nem verificável nem falsificável
k) Se chover, o José perde as eleições.
R: Verificável e falsificável

5 – Considere as seguintes afirmações e aponte qual a afirmação mais falsificável e a menos falsificável. Justifique a sua postura.
a) Todos os planetas têm órbitas elípticas.
R: Afirmação mais falsificável
b) Os planetas do sistema solar não têm órbitas quadradas.
R: Menos falsificável
c) Os planetas do sistema solar têm órbitas elípticas.


GRUPO II

1 – Explique a perspectiva indutivista do método científico.
R: Segundo o indutivismo, a ciência parte da acumulação de dados puramente observacionais. As leis e teorias são inferidas por indução a partir de dados coligidos. Procuram-se depois novos dados de modo a confirmar as teorias e a obter generalizações mais amplas.
2 – Explique a perspectiva falsificacionista do método científico.
R: Segundo o falsificacionismo, a ciência parte de problemas suscitados por teorias e por interesses práticos. As teorias são conjecturas imaginativas que se propõem de modo a resolver problemas. Essas conjecturas são sujeitas a testes que visam refutá-las.
3 – Compare o indutivismo com o falsificacionismo no que respeita ao papel atribuído à observação.
R: Para o indutivista, a observação é o fundamento das teorias científicas: e as teorias resultam da observação e são confirmadas por ela. Para o falsificacionista, a observação serve unicamente para tentar refutar teorias.
4 – O que surge primeiro, a hipótese ou a observação? Explique como Popper responde a este problema.

GRUPO III

1 – “Só as teorias falsificáveis são científicas”. Concorda? Justifique a sua postura.
R: Concordo. Uma teoria das ciências empíricas tem de poder ser testada pela observação. Ora, qualquer teste genuíno envolve a possibilidade de refutação. Por isso, uma teoria ser falsificável é condição necessária para ser científica.
2 – Uma boa teoria sobre o método científico diz-nos como a ciência funciona de facto ou como a ciência deve funcionar?
R:
3 – “A astrologia é uma ciência porque faz previsões verificáveis”. Concorda? Porquê?
R: Não concordo. É verdade que a astrologia faz previsões verificáveis, mas muitas vezes essas previsões são vagas. Além disso, quando as previsões fracassam os astrólogos não revêem as suas teorias.
4 – Que importância tem a indução na ciência?
R: O raciocínio indutivo não é crucial para a concepção de teorias científicas: estas resultam frequentemente da criatividade e não há um conjunto de procedimentos, indutivos ou dedutivos, para se chegar a teorias científicas.
No entanto, na avaliação de teorias científicas a indução é indispensável: uma teoria satisfatória comporta-se bem perante os testes empíricos. Se as suas previsões empíricas ocorrem de facto, isso não mostra apenas que a teoria não foi refutada: o sucesso dos testes aumenta a probabilidade de a teoria ser verdadeira. Isto significa que os dados empíricos favoráveis a uma teoria dão-lhe apoio indutivo, sem o qual não seria razoável acreditar no seu sucesso futuro e nas suas aplicações.
5 – A ciência é objectiva? Justifique.
R: Sim, a ciência é objectiva. Isto não significa que os cientistas sejam sempre imparciais. A garantia da objectividade da ciência é a possibilidade de crítica aberta dentro da comunidade científica, bem como a possibilidade de se repetirem os testes empíricos que alegadamente suportam as teorias.
As teorias científicas são tentativas de descrever correctamente a realidade. Elas têm implicações empíricas: se aquilo que dizem é verdade, observaremos certas coisas em certas circunstâncias. Realizando os testes empíricos apropriados, poderemos ir descobrindo, cada vez com maior precisão, se as teorias estão ou não de acordo com a realidade. E os resultados dos testes são objectivos, pois podem ser reproduzidos e não variam de observador para observador.


FICHA DE TRABALHO

1 – Por que razão o método utilizado pelos cientistas recebe o nome de método experimental?

2 – Quais são as fases do método? Explique-as.

3 – Quando uma hipótese não é apoiada pelos resultados experimentais, como procedem os cientistas?

4 – Por que razão o método utilizado pelos cientistas também recebe o nome de método hipotético-dedutivo?

5 – Podem as hipóteses ser empiricamente verificadas? Justifique.

6 – Como procedem os cientistas, quando testam uma teoria?

7 – Como se testa empiricamente uma teoria?

8 – Segundo Popper, a falsificação das consequências de uma teoria é muito esclarecedora. Porquê?

9 – Que condições tem uma teoria de satisfazer para ser cientifica?