quarta-feira, 15 de abril de 2009

QUESTÕES DE RACIONALISMO EM DESCARTES

Apontamento:
O objectivo fundamental do pensamento de Descartes é a reforma profunda do conhecimento.

Interrogando:
- Será que sabemos o que pensamos saber?
- O que é que nos permite distinguir a verdade da ilusão?
- A maneira como pensamos que sabemos acerca das coisas será a mais correcta?
- Não estarei eu enganado quando admito a possibilidade de que estou certo?

Muitos sujeitos falam das coisas com uma convicção tal, até impondo a sua autoridade, para fazer valer os seus argumentos, tipo ditadura e prosseguir à situação seguinte, como se fosse o maior perante os outros, a sua presença até instaura o medo, ilibando possíveis objecções. Para alguns a dúvida parece terrível, ela é mortal, assassina do sistema perante a legitimidade desses que entendem tirar partido do jogo da persuasão em consonância com a manipulação.

- Como é que sabemos que o que vemos capta a maneira como as coisas realmente são? (dúvida filosófica).
- Uma coisa é a dúvida que se sustenta e outra é a dúvida que se dissipa.
- Não será que existe algo que alimente o cérebro de modo a que tal situação conduza a que se raciocine erradamente?
- O que é que me leva a aceitar e tomar certa postura?

- A dúvida filosófica é um tipo especial de dúvida, tem as suas características.

- Será que os nossos conhecimentos são certos, serão eles verdadeiros?

- O céptico vê sempre a razão para mais uma pergunta! O céptico pergunta infinitamente e diz ter boas razões para concluir que não temos conhecimento.
- As crenças começam por entrar em conflito, atingindo o seu estado de ebulição.

- Qual a legitimidade dos sistemas de avaliação?
- É necessário encontrar um critério imparcial e último de verdade.

Cada critério que se encontra exige, por sua vez, um outro critério que garanta a verdade do primeiro. Estamos condenados a uma regressão infinita!

- Será que o céptico tem equilíbrio mental? Não será um esquizofrénico?
- A dúvida permite transformar o modo de pensar.
- Quando duas pessoas discordam, a violência não produz o milagre de justificar a verdade das suas crenças.
- Se as crenças não estão justificadas então não há conhecimento.
- Será a justificação uma razão qualquer?

Descartes tem uma visão matemática do real.
Assim, na Filosofia cartesiana Descartes faz o seguinte percurso:
Filosofia - Árvore
Metafísica - Raízes
Física - Tronco
Todas as ciências - Ramos
(Medicina, Mecânica, Moral)

Moral - é a ciência perfeita segundo Descartes, porque pressupõe conhecimento das outras, tem o mais alto grau de sabedoria. A Filosofia (utilidade) depende das partes.

O método cartesiano - inspirado no rigor matemático.
Descartes norteia a sua actividade intelectual pelo objectivo da procura da verdade.
Descartes procura um método capaz de desenvolver e orientar o pensamento e facultar ao homem a possibilidade de chegar, por si só, ao verdadeiro saber.
É o método que consegue conferir à razão humana a possibilidade de, a partir de princípios que lhe são imanentes, progredir pela dedução e chegar à verdadeira certeza dos conhecimentos.

Método - É o caminho mais segura para atingir um determinado fim. O método refere-se à ordem que a razão deve seguir de modo a alcançar o autêntico conhecimento.
O método cartesiano identifica-se com o perfeito uso da razão, ou seja, com a aplicação correcta das leis do espírito.

REGRAS DO MÉTODO CARTESIANO
1 - Regra da evidência - diz que nada deve ser admitido pelo espírito como certo se não for absolutamente evidente. As ideias são evidentes quando se apresentam, ao espírito, com clareza e distinção, ou seja, com uma definição e uma nitidez tais que não podem, de modo algum, ser confundidas com nenhuma outra. A intuição capta a simplicidade do que é claro e distinto.
(Intuição - é a apreensão rápida imediata da simplicidade de uma evidência. É uma espécie de visão que o espírito tem das ideias claras e que lhe confere o sentimento de conhecer com total e indiscutível certeza).
A intuição é a fonte primordial de todo o conhecimento já que é através dela que se atinge a simplicidade e a clareza das primeiras verdades ou principios (a intuição é imediata).
2 - Regra da análise - Nesta regra deve-se decompor o complexo em pequenas parcelas simples, em ordem a uma captação mais fácil e mais certa. Qualquer problema complicado é susceptível de redução a problemas simples. O complexo divide-se no simples, tantas vezes, quantas s necessárias para que a dificuldade inicial fique resolvida.
3 - Regra da Síntese - É a regra da dedução ou da ordem. Nesta regra deve-se conduzir por ordem os pensamentos, começa-se pelos objectos mis simples e mais fáceis de conhecer, ascendendo conforme a dificuldade. O espírito deve fazer a reconstituição do complexo, conduzindo os pensamentos por ordem. Começa-se a compreensão pelas coisas fáceis até às mais difíceis. [Esta regra é um complemento da regra anterior].
4 - Regra da Enumeração ou Revisão - Nesta regra tem a ver com a necessidade de entrar em linha de conta com todos os dados do problema e de rever cuidadosamente e minuciosamente todos os elementos implicados na sua solução, a fim de se ter a certeza de nada ter esquecido, sem que a sua resolução não poderia ser totalmente correcta.

- - - Com as quatro regras do método, Descartes julga ser possível o alcance de conhecimentos seguros, seja qual for o domínio do real a que respeitem.

- - - Descartes preconiza a resolução de problemas matemáticos como forma de exercitar a razão, pois só assim ela adquirirá o método, ou seja, se habituará a pensar bem, se acostumará a pensar matematicamente.

- A intuição - caracteriza-se pela sua natureza racional, é um acto de inteligência.
- Dedução - resolve os problemas mais complexos. A dedução é o acto pelo qual o espírito conclui, a partir de verdades conhecidas com certeza, outras verdades que lhe estão necessariamente ligadas.

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